terça-feira, 30 de março de 2004

Aquele fio de cabelo


Deu na coluna da Mônica Bérgamo, na Folha de hoje:
Mistério na exposição "Picasso na Oca": alguns visitantes têm sido informados de que, em uma das telas, foi encontrado um fio de cabelo de origem desconhecida, preso à camada de tinta. O quadro em questão é "Duas Mulheres Nuas, uma delas Tocando Diaulo", de outubro de 1932.

Segundo Emilio Kalil, da BrasilConnects, um dos responsáveis pela mostra, há duas explicações possíveis. A primeira que o fio tenha vindo do pincel usado por Picasso. A outra, mais apimentada, de que seja um pêlo pubiano do artista.

A explicação correta pode não vir nunca. O fio não será analisado. "Não existe nenhum jeito de retirar o pêlo sem danificar o quadro", diz Kalil.


Quanto mais explicam menos entendo. Desde quando pentelho em picasso é notícia?

SPassos


Desde o início não gostei desse nome post para designar este espaço onde se colocam textos, fotos, desenhos etc etc.
Decidi, agora, que post - pelo menos no meu blog - vai ser SPasso. É mesmo um espaço e tem a ver com meu nome. Pronto.

domingo, 28 de março de 2004

O caráter básico do português



Já outro dia um primo meu me corrigiu quando eu disse: "A paisagem na região do Douro é uma delícia". E ele: "Você já comeu a paisagem do Douro?"

É assim. Os portugueses são literais. Ou, como se diz aqui no Brasil, são básicos.

Um dia, ao chegar a Almancil (perto de Faro, no Algarve) pra me hospedar em um hotel chamado Hotel Quinta do Lago, parei o carro pra perguntar a um ciclista qual era o caminho:

- Por favor. Onde fica o Hotel Quinta do Lago?

- Na Quinta do Lago!

sexta-feira, 26 de março de 2004

Você que é homo, usa essa



Pra que você precisa de mulher, meu filho? Você já nasceu.

(Paschoal Carlos Magno, apud Paulo Francis in O afeto que se encerra)

quarta-feira, 24 de março de 2004

terça-feira, 23 de março de 2004

CPI


Vossa Senhoria estava na reunião?
Estava, mas e daí?
Daí que isso é inadmissível!
E daí?
Vossa Senhoria entende a gravidade da situação?
Entendo, e daí?
Vossa Senhoria deveria ter notificado seus superiores!
É verdade, e daí?
Mas Vossa Senhoria não o fez.
É, mas e daí?
Isso é gravíssimo. Vossa Senhoria não cumpriu com seu dever.
E daí?
E daí pergunto eu. E daí?
Vossa Excelência está usando minha fala.
Sim, e daí?

domingo, 21 de março de 2004

Só há uma verdade absoluta:
todo racista é um filho da puta

Campos de Carvalho


Minha amiga Lê me manda um texto que circula na Internet contando o que teria acontecido num vôo da British Airways entre Johannesburgo e Londres. Não sei se é verídico mas seria bom se fosse:

Uma senhora branca, de uns cinqüenta anos, senta-se ao lado de um negro. Visivelmente perturbada, ela chama a aeromoça:

-Qual é o problema, senhora? pergunta a aeromoça.

- Mas você não está vendo? responde a senhora.

- Você me colocou do lado de um negro. Eu não consigo ficar do lado destes nojentos. Me dê outro assento.

- Por favor, acalme-se. Diz a aeromoça.

- Quase todos os lugares deste vôo estão tomados. Vou ver se há algum lugar disponível.

A aeromoça se afasta e volta alguns minutos depois.

- Minha senhora, como eu suspeitava, não há nenhum lugar vago na classe econômica. Eu conversei com o comandante e ele me confirmou que não há mais lugar na executiva.

Entretanto ainda temos um assento na primeira classe. Antes que a senhora pudesse fazer qualquer comentário, a aeromoça continuou:

- É totalmente inusitado a companhia conceder um assento de primeira classe a alguém da classe econômica, mas, dadas as circunstâncias, o comandante considerou que seria escandaloso alguém ser obrigado a sentar-se ao lado de pessoa tão execrável.

E dirigindo-se ao negro, a aeromoça complementa:

- Portanto, senhor, se for de sua vontade, pegue seus pertences que o assento da primeira classe está à sua espera.

sábado, 20 de março de 2004

Hormônios (para Daniel Lima)


Hormônios são demônios

Te alucinam quando sobram

Te assustam quando escasseiam.

Deixam ereto teu órgão

Mas podem trair-te feio.

sexta-feira, 19 de março de 2004

Aconteceu


beto - Cara, tava voltando pra casa pela marginal do Pinheiros e olha só: cruzou a pista um trem. Com um monte de vagões.

renato cef - Era trem do metrô ou aquele espanhol, do Mario Covas?

beto - Como eu vou saber? Sei lá. Era um trem.

renato cef - Trem pode ser um monte de coisas. Pra mineiro é tudo. Eram onze horas?

beto - Não. Era final de tarde. Cinco, cinco e meia.

renato cef - Então não era o do Adoniran...

beto - Que Adoniran, o Barbosa? O cara já morreu.

renato cef - Como, morreu. Como tu sabes?

beto - Sei lá. Deu em tudo que foi jornal, TV.

renato cef - E tu ainda acreditas em grande imprensa?

quinta-feira, 18 de março de 2004

Jequitiranabóia


Fofa, vamos lá em casa pra você conhecer a minha coleção de jequitiranabóias?


substantivo feminino


Brasil ZOOLOGIA designação extensiva a uns insectos hemípteros, da família dos Fulgorídeos, também denominados jaquiranabóias, de configuração esquisita (a cabeça é muito grande, prolongada e entumecida), que a imaginação popular considera capazes de atacar o homem com uma picada fatal;


(Do tupi yaki'rana, «cigarra» +mbói, «cobra»)


© Copyright 2003-2004, Porto Editora.


quarta-feira, 17 de março de 2004

terça-feira, 16 de março de 2004

Lá como cá


No New York Times de hoje Edmund L. Andrews desce o sarrafo em Alan Greenspan (chairman do Federal Reserve Board, o Banco Central deles). Ou melhor, ele acha que Greenspan daria um excelente prefeito de Ribeirão Preto.

segunda-feira, 15 de março de 2004

O lado bom da notícia


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, se derramou hoje em elogios a Antonio Palocci: é um excelente nome para prefeito de Ribeirão Preto!, falou. E disse mais: Palocci é um homem de bem, decente, respeitado.

Elogio assim não é pra qualquer um.

quarta-feira, 10 de março de 2004

Topologia Trivial



A Topologia, pra trocar em miúdos, é o ramo da Matemática que estuda as relações de proximidade entre os elementos de um conjunto. Em particular, estuda o conceito de distância dentro de um conjunto. A noção comum que temos de distância é - digamos assim - reduzida a suas propriedades essenciais e chega-se à seguinte definição: distância entre dois elementos de um conjunto é sempre um número real não negativo e tem de obedecer às seguintes exigências: a distância entre qualquer elemento do conjunto e ele mesmo é nula (daqui não saio, daqui ninguém me tira); a distância de um elemento a outro é igual à distância do outro ao um (- Vem aqui. - Vem você aqui. A distância é a mesma...); por fim, a chamada propriedade triangular: a distância de A a B é menor ou igual à distância de A a C mais a distância de C a B (desenha três pontos A, B e C e liga os três por linhas retas que você vê que é isso mesmo).

Pois é. Vai daí que o conceito "normal" que temos de distância se encaixa nessa definição (só faltava não...). Mas há outras coisas que se encaixam na mesma definição e - portanto - podem ser chamadas de "distâncias".

A mais simples delas - por isso chamada de "trivial" - é a seguinte: estabeleço que, quaisquer que sejam os elementos de um conjunto, ou a distância trivial entre eles é zero (se eles coincidem, ou seja, são o mesmo elemento) ou é um (se eles são diferentes). É fácil ver que essa métrica trivial obedece aos critérios exigidos para ser considerada distância.

A essa altura, se você continua a ler este post, deve estar a pensar: E daí?!?!

E daí que essa "topologia trivial" - ou métrica trivial - se aplica a muitas situações da vida. É. Do cotidiano mesmo.

Imagina que você está sentado em um canto de um boteco. A duas mesas de distância de você (a distância "normal", agora) senta-se um deslumbrante objeto-de-desejo. Você se ajeita na cadeira, se apruma, analisa possibilidades. Pouco depois, você já sacou que não vai dar. Ela (ele) não está nem aí pra você.

Pronto. É aí que entra a métrica trivial. A distância (trivial) de você até o objeto-do-desejo é exatamente igual à distância (trivial) de você até a lua, que nessa hora deve estar fantástica mas fica a milhares de quilômetros de você. Para ser direto: ambos (a lua e ele/ela) são igualmente inatingíveis.

Paga a conta e vai dormir.




segunda-feira, 8 de março de 2004

Renato Cef


Conheço Renatão faz tempo. Bom papo, esperto. Até demais. Petista incondicional, não saberia viver de outro modo (se é que vocês me entendem). Gaúcho dos bons (existem gaúchos dos maus?), fez a vida (ops!) em Sampa. Mas não nega as origens. Lucra de todos os lados. Volta e meia bato papo com ele. Vez em quando vou repassar essas conversas pra vocês.

Homem de princípios, Renato entende que os meios justificam os fins. Não necessariamente nessa ordem.

Não tenho certeza, mas o sobrenome dele parece que é de origem búlgara. O fato é que as aventuras e desventuras de Renato Cef têm algo a ver com Campos de Carvalho (O Púcaro Búlgaro, A Vaca de Nariz Sutil etc). Ultimamente Renatão está meio sumido. A barra pesou. Se ele escapar dessa, pretende virar ministro. Afinal, o companheiro Lulla não esquece as boas amizades.

domingo, 7 de março de 2004

Saber fazer para não fazer


Paulo Francis nasceu em 1.930. Freqüentou escolas durante as décadas de 40 e 50. Sua rebeldia em relação aos padrões literários dessa época nos rendeu uma escrita propositalmente elaborada para parecer simples. Em "O afeto que se encerra" (1.980) ele fala sobre isso:
( ...) boa parte da ilegibilidade da literatura e imprensa brasileiras se deve ao asneirol filológico ensinado nas escolas. "Custa-me crer" é a vovozinha. Rubem Braga ou Millôr Fernandes valem "n" Aurélios. Escrever é organizar intelectualmente, parafrasear a linguagem viva do povo. Ou fazer algo próprio, à la Guimarães Rosa. Entupiam-nos de regras hieroglíficas, de construções artificiais, de jargão acadêmico. E esse absurdo supremo, negando qualquer conversa normal, de não misturar a segunda e a terceira pessoas pronominais. "Brasil, ame-o ou deixe-o" resume minha crítica. Duvido que até general fale assim. "Tá fedendo, te manda", é o que eles queriam dizer.

Hoje, quando as escolas já não entopem mais ninguém com regras - hieroglíficas ou não - vale a pena completar o texto do Francis com um lembrete do Millôr (já não me lembro publicado onde...):
Só acredito em iconoclasta que sabe fazer estátua.
A rebeldia só é possível quando se conhece o padrão. Se não, é ignorância mesmo.

sábado, 6 de março de 2004

Por quê?


Always begins with All,
Toujours commence par Tout,
Mas Sempre começa por Sem.

LMG Esmanhoto nos anos 80


"Se, ao criar o mundo, Deus tivesse escrito um Manual do Usuário, a metafísica seria desnecessária."

Multa flagella peccatoris


"Passos

(Or, more fully, Santos Passos)

The Portuguese name locally used to designate certain pious exercises, including representations of the Sacred Passion, practiced annually during Lent at Goa and in other Catholic communities in India."


Qualquer semelhança é feliz coincidência.


Para ler mais, clique aqui.

quinta-feira, 4 de março de 2004

Conto infinito


Amanheceu agitado. Abriu os olhos, encarou o teto branco e tentou descobrir o por quê da agitação. Percebeu que sonhara com um tema para um conto. Volta e meia acontecia algo assim. Às vezes era uma frase solta. Outras vezes pedaços de um poema, fragmentos que depois ele tentava costurar. Nem sempre conseguia. Eram presentes que a noite lhe dava. Esboços. Desta vez era uma idéia, um mote, ponto de partida para um conto. Podia aproveitar e inscrever esse conto no concurso literário sobre o qual lera na véspera. Era preciso primeiro desenvolver o tema. Parir o conto. Foi até o escritório, ligou o computador e começou a escrever:

Amanheceu agitado. Abriu os olhos, encarou o teto branco e tentou descobrir o por quê da agitação. Percebeu que sonhara com um tema para um conto. Volta e meia acontecia algo assim. Às vezes era uma frase solta. Outras vezes pedaços de um poema, fragmentos que depois ele tentava costurar. Nem sempre conseguia. Eram presentes que a noite lhe dava. Esboços. Desta vez era uma idéia, um mote, ponto de partida para um conto. Podia aproveitar e inscrever esse conto no concurso literário sobre o qual lera na véspera. Era preciso primeiro desenvolver o tema. Parir o conto. Foi até o escritório, ligou o computador e começou a escrever:

Amanheceu agitado. Abriu os olhos, encarou o teto branco e tentou descobrir o por quê da agitação. Percebeu que sonhara com um tema para um conto. Volta e meia acontecia algo assim. Às vezes era uma frase solta. Outras vezes pedaços de um poema, fragmentos que depois ele tentava costurar. Nem sempre conseguia. Eram presentes que a noite lhe dava. Esboços. Desta vez era uma idéia, um mote, ponto de partida para um conto. Podia aproveitar e inscrever esse conto no concurso literário sobre o qual lera na véspera. Era preciso primeiro desenvolver o tema. Parir o conto. Foi até o escritório, ligou o computador e começou a escrever:

Amanheceu agitado. Abriu os olhos, encarou o teto branco e tentou descobrir o por quê da agitação. Percebeu que sonhara com um tema para um conto. Volta e meia acontecia algo assim. Às vezes era uma frase solta. Outras vezes pedaços de um poema, fragmentos que depois ele tentava costurar. Nem sempre conseguia. Eram presentes que a noite lhe dava. Esboços. Desta vez era uma idéia, um mote, ponto de partida para um conto. Podia aproveitar e inscrever esse conto no concurso literário sobre o qual lera na véspera. Era preciso primeiro desenvolver o tema. Parir o conto. Foi até o escritório, ligou o computador e começou a escrever:

quarta-feira, 3 de março de 2004

Dúvida


Por que banana ouro só é vendida em beira de estrada?

Desmentido


O jogador Ronaldinho Gaúcho (foto)
Tá meio branquela, o Ronaldinho
afirmou hoje que o fato de ter quebrado um vitral da catedral de Santiago de Compostela não significa que ele tenha entrado para a Universal. O craque pretende continuar jogando no Barcelona mesmo.

terça-feira, 2 de março de 2004

Últimas Notícias


= O ministro José Dirmeu, Teu, Nosso afirmou que sua alegada gravidez foi uma farsa. Tanto é que, apesar de ter cohabitado com Waldabílio Diniz, já entrou com ação de Separação de Corpos antes do Carnaval e já faz tempo que faz suas compras em outro supermercado. Concluiu, enfático: "Tira esse bicho daí!".

= O presidente Fernando Henrique LuLLa de Melo mandou seu porta-voz espalhar que não tem nada a ver com a morte de um javali no zoológico de São Paulo. A polícia apurou que o javali fora pedido como prato principal no jantar do ex-prefeito de Santo André com o Sombra no Rubayat da Alameda Santos. Na última hora (e bota última nisso) o ex-prefeito mudou de idéia e preferiu uma picanha fatiada. Por via das dúvidas apagaram o javali. É a sétima coincidência no caso já solucionado de Santo André.

Cena do Cotidiano - Brasília


- Aí cavalheiro, quer incluir um artigo em alguma Medida Provisória?

- Atenção Madame! Vai um Ato Declaratório sob medida?

De Assessores Parlamentares e
De Parlamentares Acessíveis


Entre nós não funcionam as Leis de Mercado.

Funciona o Mercado de Leis.