domingo, 3 de julho de 2016

Recato e memória

Li ontem, no Facebook de uma amiga, a história do assassinato, em 1.957, do pai de Jânio da Silva Quadros, ex-presidente brasileiro.
Na época eu tinha 12 anos.
Por isso fiquei espantado. Como foi possível que eu desconhecesse tal história?!
Aos 12 anos eu lia todo santo dia o jornal A Tribuna. Era o jornal da cidade de Santos.
Primeiro lia tudo sobre esportes. Aliás, quase só futebol.
Em uma das raras vezes em que meu pai me aconselhou de modo simpático, sem ser autoritário, lembro que me disse:
- Não é preciso ler tudo. Leia apenas os títulos e os resumos.
(ainda não se usava "lead"...)
Talvez justamente por ter ele sido simpático, não segui o conselho.
Lia também tudo sobre política. Quando, entretanto, minha irmã assinou o Diário Oficial do Estado de São Paulo, passei a ler os discursos dos deputados na Assembleia Legislativa.
Nomeadamente os discursos do deputado batista João Hornos Filho (ainda não havia "bancada da Bíblia"), cuja propaganda eleitoral aproveitava-se das iniciais de seu nome e perpetrava:
Justiça, Honra e Fé.
Mesmo assim, passou-me despercebido o "caso" Gabriel Quadros.
É verdade que, em casa de meus pais, assuntos de alguma forma vinculados a alcova passavam longe de meus ouvidos. Meus pais não os comentavam diante dos filhos. Ao menos do filho pequeno, eu.
Quem sabe minhas irmãs tenham tido conhecimento contemporâneo do imbroglio. Afinal, já viviam em São Paulo, à época.
Quanto a mim, só agora fico a saber que a loucura de Jânio era hereditária.

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